MORAR BEM É PRECISO

A casa boa de morar deve ter características que amparem seus habitantes naquilo que eles são de melhor e estimule a prosperidade intelectual, espiritual e psicológica de cada um. Quem gosta de SER, de viver a paz que está no seu coração, deve ter o entorno que promova isso.


Nós sabemos que o ambiente influencia e modifica nosso cérebro, sabemos que existe ambiente que estimula a criatividade e que ele não é o mesmo ambiente que estimula a produtividade.


“… mudanças no espaço modificam o nosso cérebro e, portanto, modificam nosso comportamento…

” Fredy Rusty, Keynote Lecture At The 2003; AIA National Convention, São Diego, 10 May 2013.
“… as condições de nossas psiques refletem o interior de nossas salas. Há relação entre nossos hábitos e nossas habitações.” James Hillmann.


“… graças à arquitetura do espaço de trabalho de Jonas Salk e Albert Sabin estamos livres da poliomielite”.


Na casa boa de morar deve ter as coisas que agradem seus habitantes, que tenham ressonância com o jeito de ser de cada um. Sabemos disso quando a família gosta de ficar nela o domingo inteiro, fazendo o quê? – nada de especial, ler, conversar, fazer algo gostosinho para comer ou beber são só possibilidades e o tempo passa rápido.


Nossos sentidos captam essas sensações, na leveza do ar puro que circula e se renova constantemente; na presença do sol entrando na casa e garantindo iluminação natural e vitalidade aos ambientes; dos cheiros delicados que exalam dos jardins interno e externo; as cores são harmoniosas e escolhidas nas tinturarias naturais saudáveis e renováveis; as fibras naturais devem ser abundantes nos móveis, colchões e tecidos da cama e banho; o conforto térmico e a umidade do ar devem ser saudáveis, a iluminação deve imitar a iluminação natural nos aspectos temperatura de cor, quantidade luminosa e fluxo luminoso (intermitência); a acústica tem que ser impecável sem barulhinhos de tubulação hidráulica, ruídos de motor e vozes audíveis em outro cômodo da casa; a água deve ser livre de cloro e flúor e de qualquer toxina biológica ou química e seu reuso correto para fins específicos é tão importante quanto os demais itens de sustentabilidade; o material e a técnica construtiva do imóvel devem garantir todo esse conforto da casa boa de morar.


Ela vai amparar os relacionamentos amorosos da família, vai integrar a convivência dos moradores para que os desafios sejam superados com mais discernimento e a prosperidade de cada um aconteça de forma natural e sem maior esforço.


O ser humano gosta da natureza, de caminhar nos bosques e na praia e de contemplar o céu e o horizonte, nós ficamos doentes se confinados em casas sem graça com ambientes padronizados, cheirinhos artificiais, coisas sintéticas, materiais que volatizam compostos químicos que penetram em nosso corpo pela inalação ou pele e eles não saem naturalmente de nosso organismo e acumulam-se e provocam doenças. Não nascemos para olhar para baixo, isolados em ambientes mal concebidos e mal construídos, esses que estimulam o mau humor, as brigas entre casais, o desentendimento entre pais e filhos.


“… Nietzche disse que só tinham valor as ideias que ocorriam ao caminhar, não as ideias sentadas”.


“Aristóteles, na sua escola, ensinava pensar e discursar enquanto se caminhava”.


“Heidegger recomendava o caminho da floresta para filosofar”.


Eis porque, nas nossas construções devemos imitar a natureza. Ela é rica em tudo que promove bem-estar. Esse é o desafio da construção civil para os próximos vinte anos. Estudemos!


Eni Bitencourt dos Santos – Geobióloga – 23/11/2021